19ª edição - ano III - Abril de 2011
Bem-vindos, amigos!
Após uma santa semana de descanso e sossego,
voltamos à nossa rotina de trabalhos, reflexões e poesias.
Em tempo: antes tarde do que nunca! Agora temos o nosso contador de visitantes.
Uma boa leitura a todos e um grande abraço!
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Vai vento vem
Vai vento, vagueia vento.
Vai vento, vagueia, vai.
Vagueia em vãos, vilas, vales,
vagueia em vãs velas, vagas...
Vagueia em vasta vivência!
Vagueia, vulto veloz!
Vislumbra vantagens virgens.
Vai vento, volve violetas e
valida os ventiladores.
Vai vento, verte os vinhos nas
ventosas vulvas venéreas.
Vibra o varal vestido, e faz
voarem as vassouras vadias,
várias, várias e várias vezes...
V v v v v v v v v v v v . . .
Voltando, voltando vem.
Violentamente vem.
Vomitando a voz verdadeira de
vitórias e varejeiras,
varridas nas verdes vias.
Vagando, vento, vem ver.
Vasculha os velhos valores e
vota o voto vencido do
vacilante verme venoso, que
vaza nas vicissitudes da
valiosa vida voraz.
[ Marcelo Souza ]
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Ainda ontem...
No céu, eu juro, uma águia de nuvem engole uma pérola de lua
Na praça XV, a Nana Caymmi me faz uma dor que é quase tudo
Dá uma melancolia nas cores do centro que é quase uma alegria, quase uma luz
O asfalto, o calor, os carros, as pessoas com horários, tudo
Me dá uma sensação de natureza controlada...
Mas, ainda ontem, um louco numa escola...
Ainda anteontem, uma onda gigante numa ilha...
Ainda ainda, uma chuva na serra...
Me fez voltar ao meu mundo de miniaturas – onde Deus – com letra grande – é necessário. Os homens se mordem...
No céu, nenhum arranha-céu de avião... só os pássaros de verdade não são cruzes...
Só a serra interrompe a linearidade do azul com verde
No mato, os homens ainda primatas oferecem bons dias a estranhos...
E das casas, os homenzinhos do futuro se escorregam para os bancos pobres – a pobreza multicolorida, a pobreza transversal, a pobreza intertextual, a transpobreza...
Do outro lado da vida, mulherezinhas satisfeitas lutam pela novela nossa de cada dia.
E tudo carrega a opulência mordernosa de celulares e milhares de livros,
que jamais serão lidos... e tudo apreende ser imediato como a vida é curta...
E como a vida é curta e não há tempo a perder – e talvez não haja nada a aprender –
E porque eu já aprendi a não saber o que é o básico
Me fiz voltar ao mundo das miniaturas – onde Tudo é pequeno e desnecessário.
Ainda ontem...
[ Max Heleno ]
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Poema
Às vezes me abandono
Às vezes me condeno
Às vezes me reprimo.
Como um cão sem dono
Degusto o veneno
Do meu próprio limo.
A detestar de rimas
A detestar de prosas
A depender de climas
A não viver de rosas.
[ Luiz França ]
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